Que futuro para Deus?
por ANSELMO
BORGES, Diário de Notícias, 2013-01-12
É sobre o
tema em epígrafe que Marie Drucker publicou uma entrevista com Frédéric Lenoir,
da École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris. Faz parte do livro Dieu
(Deus).
Alguns
indicadores estatísticos. Actualmente, dois terços da população mundial
confessam acreditar em Deus. O outro terço reparte-se entre as religiões sem
Deus (religiões chinesas, budismo, animismo, xamanismo...) e uma pequena parte
que se declara sem pertença religiosa (menos de 10% da população mundial,
principalmente na China e nos países europeus descristianizados).
Mesmo se a
fé está a diminuir progressivamente desde há várias décadas, cerca de 90% dos
americanos e dois terços dos europeus acreditam em Deus. A França e a República
Checa constituem excepção, pois são os países que contam hoje com a taxa mais
elevada de ateus na Europa. De qualquer modo, mesmo na França, a fé em Deus
resiste melhor do que a pertença religiosa e permanece estável: 52%.
As
projecções para 2050 dizem que os cristãos passarão de dois mil milhões para
três mil milhões; os muçulmanos, de mil e duzentos milhões para dois mil e
duzentos milhões; os hindus, de oitocentos milhões para mil e duzentos milhões;
os budistas, de trezentos e cinquenta milhões para quatrocentos e trinta
milhões; os judeus, de catorze milhões para dezassete milhões.
Estes
números não consideram, evidentemente, "evoluções internas profundas"
que as mentalidades podem vir a conhecer nem catástrofes ou agitações
excepcionais. Segundo a evolução das mentalidades, é a Europa que indica a
tendência: "uma secularização crescente, sem que a fé em Deus se afunde.
Assim, as religiões terão cada vez menos domínio sobre as sociedades e serão
cada vez mais numerosos os indivíduos a declarar-se sem religião, sem que isso
signifique o fim da fé em Deus." Acentua-se, portanto, aquele movimento
que os sociólogos caracterizam como "crer sem pertencer", emancipação
progressiva dos indivíduos em relação às instituições religiosas, mas
continuando a ter fé em Deus ou uma espiritualidade pessoal.
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