sábado, 28 de junho de 2008

3º Colóquio Internacional - Portugal -2008

“O Contributo das religiões para a Paz”

Por Marco António

Cerca de 150 pessoas participaram no 3º Colóquio Internacional “O Contributo das religiões para a Paz” organizado pela Comissão de Liberdade Religiosa.

O encontro realizou-se em Lisboa e teve a presença de representantes de diversas religiões, provenientes de diversos países.

Na cerimónia de abertura esteve presente o primeiro-ministro José Sócrates, facto que ilustra a importância que o Governo Português atribuiu a este encontro.

Na sessão de abertura também estiveram presentes Mário Soares (presidente da Comissão de Liberdade Religiosa), António Costa (presidente da Câmara Municipal de Lisboa), Alberto Costa (Ministro da Justiça) e D. José Policarpo (Cardeal Patriarca de Lisboa).

Ao usar da palavra, o primeiro-ministro lembrou que nas democracias a liberdade religiosa "não é um tema fácil nem está resolvido", nem tão-pouco é "um dado adquirido".

E citou o presidente americano George Washington que afirmava que os políticos deviam tratar as religiões “com delicadeza, gentileza e afecto."

Defendendo os valores da laicidade, o chefe do governo declarou que esta deve significar neutralidade perante as religiões, mas de modo a que todas tenham espaço para afirmar as suas crenças.

"Acredito profundamente no contributo das religiões para a paz", um valor que, diz o primeiro-ministro, "tão esquecido tem andado na política internacional".

As religiões representadas foram o Hinduísmo, o Budismo, o Judaísmo, o Cristianismo (católico, ortodoxo e evangélico), o Islão (sunita e ismaili), e a Fé Baha’i. Saliente-se também a presença de um “não-crente” entre os oradores.

Das diversas comunicações e intervenções merecem destaque a sugestão de René Samuel Sirat, vice-presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, para a criação de um "G8" que congregue líderes religiosos, para promover a compreensão entre os povos.


Também a criação de uma disciplina de estudo de religiões comparadas nas escolas públicas merece destaque mereceu a atenção de diversos intervenientes neste Colóquio.

A Comunidade Baha’i esteve representada por Kishan Manocha, secretário da AEN dos Baha’is do Reino Unido.

Na sua intervenção o Dr. Manocha mencionou que todas as intervenções levam-nos a concluir que existe um fundo comum a todas as religiões.

Acrescentou que o processo gradual de unificação da humanidade é visível em todas as áreas da actividade humana, nomeadamente no facto das religiões serem hoje obrigadas a conviver umas com as outras, expondo a pluralidade religiosa do mundo.

O Dr. Manocha afirmou que existem hoje muitas pessoas frustradas com a incapacidade dos líderes mundiais para lidar com os desafios enfrentados pela humanidade.

Neste campo, as religiões têm que se mostrar capazes de ser instrumentos de paz, pois muitas vezes os seus líderes foram causadores de injustiças, sofrimentos e violência.

Isso foi uma apropriação de instrumentos de paz para conseguir alcançar objectivos pessoais e egoístas. Isso é a corrupção dos verdadeiros valores religiosos.

O representante Baha’i declarou ainda que a religião tem todas as potencialidades para dar um grande contributo para o estabelecimento da Paz Mundial, e pode inspirar as melhores soluções para os problemas que a humanidade hoje enfrenta. Pode também inspirar uma mudança na forma como os seres humanos se relacionam uns com os outros.

No programa deste colóquio constaram ainda diversos encontros oficiais entre os representantes das religiões e entidades oficiais. Foram momentos de convívio e diálogo fraterno indispensáveis a este tipo de eventos.